sábado, 24 de dezembro de 2011

Em rua de Teerã, vende-se papais noéis e árvores de Natal a muçulmanos


Na fila do caixa de uma das lojas, o empresário Vahid J., 50, carrega um Papai Noel e enfeites para árvore. "Minha filha de cinco anos pediu", justifica.

As lojas são todas parecidas, em aparência e conteúdo. Os donos dizem que a mercadoria é importada da China e que, fora do Natal, vendem bichos de pelúcia e enfeites para casa.

Apesar do clima descontraído na rua, falar de Natal pode gerar desconforto.

Apesar do resmungo de alguns policiais, relatado por vendedores, a lei não proíbe a venda de artigos de Natal, nem bane cultos cristãos.
Mas quem propaga crenças não islâmicas está sujeito à prisão. ONGs dizem que há dezenas de missionários evangélicos em prisões do Irã. E todo iraniano muçulmano que trocar sua fé por outra pode ser condenado à pena de morte.

Na República Islâmica do Irã, o Natal cristão é praticamente invisível. Não há decoração em locais públicos, nem feriado, nem rostos de Papai Noel em produtos de supermercado. TVs e jornais ignoram a data.

Mas uma rua de lojas no centro de Teerã foge à regra e vibra num clima natalino sem complexos.

São lojinhas que vendem desde cartões em inglês ("Merry Christmas") até árvores de Natal -de plástico- com dezenas de opções de enfeites. Há papais noéis de todos os tamanhos e preços.

Dentro das apertadas lojas, vendedores parecem sobrecarregados com tanta gente para atender.

A Folha viu gente de todos os tipos circulando pelas lojas, inclusive mulheres cobertas com o chador integral, véu preto usado nos meios xiitas mais conservadores, que deixa apenas o rosto à mostra.

"O Natal hoje é universal", afirma o também muçulmano Nasrin H., 37, acompanhando a filha de quatro anos de loja em loja.

ENFEITE CHINÊS
Segundo os empresários, os negócios vão bem, mas as vendas são inferiores às de anos anteriores, reflexo da crise econômica e das sanções financeiras impostas ao Irã por causa de seu controverso programa nuclear.

Cerca de metade das pessoas abordadas na rua pela Folha se recusou a conversar, temendo se expressar publicamente sobre um tema escorregadio.

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